“O desejo que move os poetas
não é ensinar, esclarecer, interpretar. O desejo que move os poetas é fazer
soar de novo a melodia esquecida...”
Rubem Alves
Na
aula desta semana a professora pediu que os alunos dessem sequência na
apresentação dos artigos lidos individualmente:
1.
Avaliação do currículo no cotidiano – Priscila
2.
Lápis e tecnologias no currículo - Ney
3.
Ato didático e currículo – Úrsula
4.
Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
5.
Digital e Currículo - Letícia
6.
Currículo e cultura - Giovana
A professora
havia pedido que publicássemos uma apreciação sobre o Currículo como uma
prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum conhecimento?
Qual? Um conhecimento poderoso?
Mas eu gostaria de refletir sobre outro
assunto que está me incomodando, diante de tantas discussões sobre currículo,
sobre prática, sobre cotidiano, sobre sala de aula... Vou me permitir “sair do
contexto do pedido” e me expressar...
O Currículo e a Pratica Docente tem me “incomodado”
enquanto professora, como um espinho na alma...
O que
tenho pensado e muito, diante do que tenho apreendido com os textos lidos e
discutidos, é que percebe-se claramente que a compreensão de currículo da maioria dos profissionais da educação é muito
precária... Reconhecendo-o apenas enquanto proposta de disciplinas e conteúdos...
Pelo
que estudamos, também podemos perceber que a Teoria Tradicional de Currículo tem grande responsabilidade a essa
visão de currículo, ao mesmo tempo que
conferiu a ele conteúdos implícitos políticos e ideológicos de dominação e
padronização. A aplicação prática do currículo tradicional, como prática
pedagógica, é visível, mensurável, possível, talvez por isso fortemente
presente ainda hoje.
A Teoria
Curricular Crítica, preocupada não com objetivos e métodos, mas com as intenções
desses objetivos, dos conhecimento e para quem o são, confere ao currículo um
caráter subjetivo, que exige comprometimento docente. A prática pedagógica
precisa refletir os fins educativos que se pretende a educação, relacionando-se
portanto com o currículo, ou seja, com o tipo de indivíduo que se pretende
construir.
Quando
somos levados a pensar sobre a prática pedagógica nos remetemos imediatamente a
pensar sobre o ambiente da sala de aula. O mesmo ocorre com o pensamento
imediato sobre currículo, que nos leva ao papel, resumindo-se em distribuição
de disciplinas e conteúdos. Porém, ambos possuem um caráter complexo, para além
dessas limitações, e relacionam-se numa ligação muito forte, uma vez que o
currículo só coexiste pela prática. E, muitas vezes a prática não reflete o
currículo e vice-versa.
Somos
obrigados a reconhecer que nós professores ainda estamos muito presos à herança
de um ensino pronto e acabado, com objetivos gerais estabelecidos, que exige
metodologia e disciplinas logicamente organizadas, distantes, contudo, do
caráter pedagógico e de um currículo crítico.
O mesmo ocorre com a
prática pedagógica, muitas vezes ela não se efetiva de modo satisfatório em seu
processo ensino-aprendizagem porque o professor não compreende ou desconhece o
caráter pedagógico que a fundamenta. Nesse sentido, é importante refletir sobre
essas relações. Da mesma forma que uma teoria curricular fundamenta o
currículo, o caráter pedagógico fundamenta uma proposta para a prática; e ambos
precisam também se articular num mesmo propósito para que haja compreensão das
implicações educativas que os envolvem.
Portanto,
o caráter pedagógico tem fundamental e estreita relação com a construção de um
currículo que oriente a ação educativa e determine princípios e formas de
atuação. Quando os conceitos acerca do que se pretende tratar são apresentados,
entendem-se seus objetivos reais, sua intencionalidade educativa, mas isto
implica em escolhas, em valores, em compromissos
éticos.
Mas porque, no caminho entre a teoria
e a prática, essa relação pouco se materializa?
O que ocorre de errado nesse percurso?
Neste contexto, do distanciamento entre currículo e prática
docente, podemos concluir que, se a prática docente está comprometida, o currículo
deixa de ser uma prática social, para ser somente uma sequência de disciplinas
e conteúdos... Se isto ocorre, o conhecimento poderoso deixa de ser poderoso, independente
do contexto, para ser poderoso somente pelo tipo de conhecimento que se está
transmitindo e para quem se está transmitindo...
O que quero dizer é que o conhecimento só é poderoso quando ele se insere no
currículo de forma contextualizada, ou seja, é indispensável, o diálogo entre a
teoria e a prática docente.
Ao
final da aula a professora pediu para assistirmos o filme Silêncio, durante a
semana e reforçou para lermos o livro “Pedagogia da Autonomia”, de Paulo Freire, extraindo dele o conceito de
Currículo, relacionando a leitura com Avaliação identificando os caminhos da
avaliação também como ato curricular
Querida, sua inquietação é legítima e talvez uma das possíveis resposta a questão da distância entre teoria e prática é a própria complexidade do processo educativo. Aproximações acontecem no que denominamos de atos de currículo mas quando refletimos sobre eles.
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