“Para isso existem as escolar: não para
ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem
andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo
mar desconhecido..”
Rubem Alves.
A
professora iniciou a aula fazendo comentários a respeito dos blogs e sua
avaliação a respeito. A seguir passamos à apresentação e discussão dos artigos
lidos. Aliás cometi um equívoco no último diário (04/04), o artigo não foi lido
em duplas, mas a leitura foi individual... recebemos um e-mail com a orientação
de ler, registrar as ideias centrais e os
questionamentos suscitados para compartilhar com os colegas.
A divisão dos
artigos, passada pela professora, foi a seguinte:
1.
Avaliação do currículo no cotidiano –
Priscila
2.
Ato didático e currículo – Úrsula
3.
Currículo, avaliação e trabalho
pedagógico – Maria Auxiliadora
4.
Ciências Naturais no Currículo – Arian
5.
Digital e Currículo - Letícia
6.
Disciplinas escolares e currículo - Micheli
7.
Lápis e tecnologias no currículo - Ney
8.
Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
9.
Conhecimento poderoso em Michael
Young - Carlos
10. Currículo
e cultura - Giovana
A
seguir apresento um resumo do artigo “Currículo como espaço-tempo de fronteiras
culturais”, de Elizabeth Macedo – UERJ - Programa de Pós-graduação em Educação
Resumo
O currículo é um espaço-tempo de encontro de diferentes tradições culturais que
contemplam a diferença. Podemos entendê-lo como um espaço híbrido, onde se
percebem as marcas do poder e da resistência e para o qual confluem diferentes
visões.
No artigo “Currículo
como espaço-tempo de fronteira cultural”, a autora desenvolve uma nova visão do
currículo, trazendo para o debate as teorias críticas e pós-críticas de
currículo. A intenção é justificar a noção de currículo enquanto espaço-tempo
de convergência de tradições culturais que contemplem a diferença.
A discussão inicia
lembrando que os estudos
sobre o currículo sempre se caracterizaram pelo interesse político, que,
atualmente, se articula à economia e à cultura, exigindo uma nova leitura desta
última, na medida em que, a cultura refuncionalizada
como mercadoria, rearticula a dimensão política do currículo.
Posicionando-se
pela conceitualização do currículo como espaço-tempo cultural, o artigo
apresenta uma análise do hibridismo de perspectivas teóricas que, no Brasil,
contribuíram para a o desenvolvimento do conceito de cultura e sua relação com
o currículo, os quais permanecem sendo teorizados de acordo com a perspectiva
multicultural ou sob a influência dos estudos culturais.
Após percorrer
autores como Tomaz Tadeu Silva, Antônio Flávio B. Moreira, Elizabeth Macedo e
Ana Canen, a autora afirma que a aproximação entre abordagens críticas e
pós-críticas “tem dificultado a compreensão da dinâmica do currículo como
cultura e prejudicado a análise da diferença no interior do espaço-tempo da
escola e do currículo.” (p. 287).
Nesse ponto, o
posicionamento da autora a respeito da diferença vai se consolidando ao afirmar
que discorda da concepção
de currículo como lugar de confronto entre culturas, pois que o currículo
seria, antes, “um espaço-tempo de fronteira no qual interagem diferentes
tradições culturais e em que se pode viver de múltiplas formas.” Na sequência,
apresenta seu conceito de currículo, o qual incorpora o incerto, a arena da
negociação, ou seja: nesse currículo, as identidades dos sujeitos são
múltiplas, não-determinadas – pois que serão negociadas –, privilegiando a
opção do sujeito segundo seus diversos pertencimentos. Em suas palavras: “o
currículo é um espaço-tempo em que sujeitos diferentes interagem, tendo por
referência seus diversos pertencimentos, e que essa interação é um processo
cultural” (p. 288).
As consequências
dessa abordagem de currículo para a escola é deixada clara nos parágrafos
seguintes, quando os currículos escolares são apontados como híbridos
culturais. Com isso, Elizabeth Macedo explora a ambivalência da constituição de
qualquer currículo, que é ser polidiscursivo, isto é, possui conteúdos que
privilegiam certos grupos, enquanto, ao mesmo tempo, incitam outros à
resistência. É assim que a autora explica a legitimação de diferentes culturas
através do currículo. Como disse Silva (2001, p. 129) ao interpretar os
escritos de Bhabha, “O híbrido carrega as marcas do poder, mas também as marcas
da resistência.”
Recorrendo a um
exemplo, a autora recorda que, na Modernidade, a busca do equilíbrio entre
regulação e emancipação resultou na “submissão da subjetividade (...) ao
coletivo homogeneizado” (p. 290) e à ocultação da diferença. Hoje, a disputa
entre localismos e globalismos coloca o currículo enquanto espaço-tempo
(híbrido) de fronteira na mira da experiência colonial, em que as culturas
globais dominam as culturas locais de alunos e professores.
Macedo conclui, ao final do texto, da necessidade de se implementar um currículo da diferença cultural, ou seja, um currículo para lidar com a diferença e propõe, para redesenhar o global, a impor as culturas subalternas em lugares-tempo híbridos de sentido a serem ainda criados (p. 294).
Questiono... Possível
de fazer ou uma simples utopia????
O artigo contribui, para nos chamar a atenção quanto à importância dos estudos sobre cultura e currículo, especialmente na época histórica em que vivemos – repleta de interpelações quanto às culturas locais e quanto à sua validade diante das culturas globais no mundo contemporâneo.
Referências
MACEDO, Elizabeth. Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. In: Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro, RJ, v. 11, n. 32, p.
285-296, maio/ago. 2006.
No decorrer desta aula, foram apresentados e
discutidos quatro artigos, os demais ficaram para ser discutidos na próxima semana.
Os artigos trabalhados hoje foram:
1. Ciências
Naturais no Currículo – Arian
2. Conhecimento
poderoso em Michael Young - Carlos
3. Disciplinas
escolares e currículo - Micheli
4. Currículo,
avaliação e trabalho pedagógico – Maria Auxiliadora
A professora terminou a aula pedindo
que para a próxima aula fizéssemos:
ü
Uma apreciação sobre o Currículo como
uma prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum
conhecimento? Qual? Um conhecimento poderoso?
ü
A leitura da obra “Pedagogia da
Autonomia” de Paulo Freire para discutirmos na próxima semana.
Seus registros e suas reflexões demonstram o exercício permanente do pensar....Importante para nossas desconstruções diárias. Autoria é isso!
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