quinta-feira, 25 de maio de 2017

Desenvolvimento da Aula do dia 04_04


 “Eu quero desaprender para aprender de novo. Raspar as tintas com que me pintaram. Desencaixotar emoções, recuperar sentidos.”
Rubem Alves

Na aula de hoje a professora levantou uma discussão sobre as  Teorias de Currículo: Tradicional, Crítica e Pós-crítica, sobre Currículo, Currículo Oculto. Segue um resumo do que li a respeito e aprendi com a discussão em sala de aula.

A  teoria de currículo denominada Teoria Tradicional teve origem nos Estados Unidos, e é baseada nos princípios de Taylor, que igualava o sistema educacional ao modelo organizacional das empresas. Tem como objetivo principal preparar para aquisição de habilidades intelectuais através de práticas de memorização, o currículo é visto como uma instrução mecânica,  uma listagem de conteúdos que devem ser ensinados pelo professor e decorados pelos estudantes. A elaboração do currículo é tão somente uma atividade burocrática, desprovida de sentido e fundamentada na concepção de que o ensino está centrado na figura do professor, que transmite conhecimentos específicos aos alunos, que se tornam  simplesmente repetidores dos conteúdos abordados.

As teorias curriculares críticas são baseadas nas concepções marxistas (década de 60), e argumentam que não existe uma teoria neutra, já que toda teoria está baseada nas relações de poder. Compreendem que tanto a escola como a educação em si são instrumentos de reprodução e legitimação das desigualdades sociais da sociedade capitalista (relações de poder).  Isso está implícito nas disciplinas e conteúdos que reproduzem a desigualdade social que fazem com que muitos alunos saiam da escola antes mesmo de aprender as habilidades das classes dominantes e percebem o currículo como um espaço de luta cultural e social.
Dessa  forma, a função do currículo, mais do que um conjunto de matérias, seria também a de conter uma estrutura crítica que permitisse uma nova perspectiva em favor população mais desprovida. As práticas curriculares, nesse sentido, eram vistas como um espaço de defesa das lutas no campo cultural e social.

As Teorias Pós-críticas surgiram dos princípios do pós-estruturalismo e dos ideais multiculturais (décadas de 1970 e 1980), movimento ambíguo de adaptação e resistência - nessa perspectiva o currículo é tido como algo que produz uma relação de gêneros, pois predomina a cultura patriarcal.  Essa teoria, assim como a Teoria Crítica,  criticou as Teorias Tradicionais, mas além da questão das classes sociais, elevou sua discussão ao sujeito, o indivíduo. Desse modo, mais do que a realidade social dos indivíduos, era preciso compreender fatores como: raça, gênero, orientação sexual,  entre outros.  As teorias pós-críticas consideram que o currículo tradicional faz prevalecer os preconceitos sociais pré-existentes , e que nesse sentido é preciso combater à opressão a grupos marginalizados e lutar para incluí-los socialmente, ou seja, a função do currículo é a de se adaptar ao contexto dos estudantes para que o aluno compreenda nos costumes e práticas do outro uma relação de diversidade e respeito. Por sua visão baseada em um conceito pós-estruturalista, o currículo passou a considerar que não existe um conhecimento único e verdadeiro, sendo esse uma questão de perspectiva histórica, ou seja, que se transforma nos diferentes tempos e lugares, temos o currículo como discurso do sujeito...

Comparando as Teorias, observamos que as teorias tradicionais são teorias neutras e desinteressadas, já as teorias críticas e pós-críticas, afirmam que nenhuma teoria é neutra ou desinteressada, mas que toda teoria é uma relação de poder.
As teorias tradicionais, ao aceitar  conhecimentos e saberes dominantes, se concentram em questões técnicas e de organização, ou seja, uma vez que temos esse conhecimento (dominante/óbvio/inquestionável) a ser transmitido, COMO devemos transmiti-lo?
As teorias críticas e pós-críticas, estão preocupadas com as conexões entre saber, identidade e poder, e por isso permeiam sua questão central, não “no quê” ensinar, mas “no porquê” ensinar este e não aquele conteúdo...? Quais são os interesses para que este conhecimento esteja no currículo...?  Por que este  tipo de identidade ou subjetividade e não outro...?

Teorias Tradicionais
Teorias Críticas
Teorias Pós-críticas
ensino
Ideologia
identidade, alteridade, diferença
aprendizagem
reprodução cultural e social
subjetividade
avaliação
Poder
significação e discurso
metodologia
classe social
saber-poder
didática
Capitalismo
representação
organização
relações sociais de produção
cultura
planejamento
Conscientização
gênero, raça, etnia, sexualidade
eficiência
emancipação e libertação
multiculturalismo
objetivos
currículo oculto/ resistência


Na reflexão sobre o assunto surgem alguns pontos que ficam no pensamento:

ü  O que fazer quando há uma fragmentação das relações sociais?
ü  O que fazer quando há uma relativização dos conhecimentos sem sistematização? Até onde isso é bom ou ruim?
ü  Essa primazia da indeterminação para capturar o real... Como fazer se não há real para se fazer a crítica?
ü  A teoria pós-crítica é suficiente ou insuficiente para ser transformadora de  realidades...?
ü  É emancipatória ou reacionária...?
São questionamentos que podem ainda não apresentar uma resposta pronta, e que talvez só o tempo nos permitirá saber...

Considerações sobre Currículo, sobre Atos do Currículos...
currículo é uma tradição inventada, como artefato socioeducacioal que se configura nas ações de conceber, selecionar, produzir, organizar, institucionalizar, implementar, dinamizar saberes, conhecimentos, atividades, competências e valores, visando uma dada formação.
Indica caminhos, travessias e chegadas, como um movimento de possibilidades, carregando elementos  de conservação – planejamento, as disciplinas – e de transgressão – quando se faz algo novo..
Os Atos de Currículo são as atitudes concretas (tudo o que se faz, todas as atividades) que se atualizam em termos de currículo;  são formas ideológicas e de resistência, veiculando uma formação ética, política, estética e cultural... Nem sempre explícitas e nem sempre coerentes, são permeadas de ambivalências, contradições, paradoxos... Nem sempre absolutas, são cheias de transgressões... Nem sempre sólidas, possuem inúmeras brechas e fissuras...
Podemos dizer que é onde realmente a aprendizagem ocorre, pois essa “costura curricular” - os atos de currículo - ultrapassam o currículo prescrito, pois devido a seu caráter dinâmico e complexo está sempre de reatualizando pelos momentos de resignificação de sentidos condensados, desdobrados, redefinidos, transpostos....
Se configuram como produto de relações e de dinâmicas interativas, cultivando uma ética e uma política ao fazer e realizar opções epistemológicas pedagógicas, estando presentes nas políticas de sentido do currículo que emanam das práticas e do cotidiano escolar.

Podemos concluir que o Currículo e os Atos do Currículo, desenham um caminho, alavancado pela educação, e nós somos resultados desse caminho trilhado...

Como Currículo e Avaliação tem uma relação muito estreita, cabe aqui fazermos algumas considerações sobre Avaliação da Aprendizagem.

Avaliação da Aprendizagem... Afinal... O que é?

Um percurso

O Ser-professor é um aprendizado, que exige competências específicas – profissionalidade, e a construção de uma identidade – a professoralidade. Para se construir como um Ser-professor é necessário tomar consciência de seu próprio processo formativo, tecendo uma rede de interações, re-avaliando sua prática docente continuamente...
Como disse Paulo Freire: “ A prática de se pensar a prática é a única maneira de se pensar certo.”

Um questionamento - Se o mundo não é mais o mesmo, se os alunos não são mais os mesmos, como fazer educação do mesmo modo? (Adaptado Cortella).

 Dependendo da Concepção Pedagógica temos um Avaliação da Aprendizagem:

Tradicional
Progressista
Educação é transmissão, memorização de informações.
Educação é desenvolvimento motor, afetivo, cognitivo e social.
Aluno é um ser receptivo, passivo.

Aluno é um ser dinâmico, construtor do conhecimento.
Avaliação deve medir quantidade de informações retidas, é a averiguação do que foi memorizado, não aprendido.
Avaliação possui um sentido orientador, de ponto de partida para repensar e replanejar as atividades.

Se devemos sempre re-pensar nossa prática docente, vamos re-pensar a avaliação, assumindo-a como um processo de ação – reflexão – ação, uma maneira de construir uma postura pedagógica na Educação.

A Avaliação pretende avaliar a Aprendizagem... Mas afinal... O que é a Aprendizagem? É um processo de construção, dinâmico, individual e intransferível, que possui elementos motores, cognitivos, afetivos, evidenciado por meio de conteúdos factuais, procedimentos atitudinais e de conceitos.

Portanto, a Avaliação possui uma Dimensão Formativa:





























Afinal... Avalia-se para quê?
ü  Conhecer o aluno nos variados tempos e espaços de aprendizagem;
ü  Identificar seus conhecimentos prévios e seus avanços, bem como a construção de sua lógica epistemológica;
ü  Para verificar se houve aprendizado e se os procedimento de ensino estão sendo eficientes.

Pesquisas sobre Avaliação concluem que:
ü  Os estudos são pautados somente nos tópicos que “poderão” ser cobrados na prova, deixando o restante do conteúdo de lado;
ü  Há a valorização das avaliações que remetem a uma nota quantificada;
ü  Provas e exames não garantem ao aluno o domínio do conhecimento;
ü  Há exigência mais de memorização do que de habilidades intelectuais superiores;
ü  As provas alimentam a cultura da cola.

Enfim, o temos hoje, é um Ciclo Docente de Atuação que se limita a:
A professora finalizou a aula, dando-me muito no que pensar e re-pensar minha atuação docente, foi fabuloso! Melhor, está sendo fabuloso...!!!!

Para próxima aula, a professora nos enviará alguns artigos sobre Currículo. Ela nos separou em dupla, e cada dupla deverá ler um artigo para compartilhar e discutir na próxima aula, para que possamos continuar nosso percurso de re-construção docente...







Um comentário:

  1. Fabuloso é participar deste exercício reflexivo que você faz aula a aula. Seu material aqui postado traz quadros e esquemas bem elaborados, pensamentos em ebulição e questionamentos que nos instigam....Parabéns pela qualidade de seu percurso como aprendiz de si-professora!

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