quinta-feira, 25 de maio de 2017

Desenvolvimento da Aula do dia 18_04

 “Para isso existem as escolar: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido..”
Rubem Alves.

A professora iniciou a aula fazendo comentários a respeito dos blogs e sua avaliação a respeito. A seguir passamos à apresentação e discussão dos artigos lidos. Aliás cometi um equívoco no último diário (04/04), o artigo não foi lido em duplas, mas a leitura foi individual... recebemos um e-mail com a orientação de ler, registrar as ideias centrais e os questionamentos suscitados para compartilhar com os colegas.

A divisão dos artigos, passada pela professora, foi a seguinte:

1.     Avaliação do currículo no cotidiano – Priscila
2.     Ato didático e currículo – Úrsula
3.     Currículo, avaliação e trabalho pedagógico – Maria Auxiliadora
4.     Ciências Naturais no Currículo – Arian
5.     Digital e Currículo - Letícia
6.     Disciplinas escolares e currículo - Micheli
7.     Lápis e tecnologias no currículo  - Ney
8.     Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
9.     Conhecimento poderoso em Michael Young  - Carlos
10. Currículo e cultura - Giovana

A seguir apresento um resumo do artigoCurrículo como espaço-tempo de fronteiras culturais”, de Elizabeth Macedo – UERJ - Programa de Pós-graduação em Educação

Resumo
O currículo é um espaço-tempo de encontro de diferentes tradições culturais que contemplam a diferença. Podemos entendê-lo como um espaço híbrido, onde se percebem as marcas do poder e da resistência e para o qual confluem diferentes visões.

No artigo “Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural”, a autora desenvolve uma nova visão do currículo, trazendo para o debate as teorias críticas e pós-críticas de currículo. A intenção é justificar a noção de currículo enquanto espaço-tempo de convergência de tradições culturais que contemplem a diferença. 

A discussão inicia lembrando que os estudos sobre o currículo sempre se caracterizaram pelo interesse político, que, atualmente, se articula à economia e à cultura, exigindo uma nova leitura desta última, na medida em que, a cultura refuncionalizada como mercadoria, rearticula a dimensão política do currículo. 

Posicionando-se pela conceitualização do currículo como espaço-tempo cultural, o artigo apresenta uma análise do hibridismo de perspectivas teóricas que, no Brasil, contribuíram para a o desenvolvimento do conceito de cultura e sua relação com o currículo, os quais permanecem sendo teorizados de acordo com a perspectiva multicultural ou sob a influência dos estudos culturais. 

Após percorrer autores como Tomaz Tadeu Silva, Antônio Flávio B. Moreira, Elizabeth Macedo e Ana Canen, a autora afirma que a aproximação entre abordagens críticas e pós-críticas “tem dificultado a compreensão da dinâmica do currículo como cultura e prejudicado a análise da diferença no interior do espaço-tempo da escola e do currículo.” (p. 287). 

Nesse ponto, o posicionamento da autora a respeito da diferença vai se consolidando ao afirmar que discorda da concepção de currículo como lugar de confronto entre culturas, pois que o currículo seria, antes, “um espaço-tempo de fronteira no qual interagem diferentes tradições culturais e em que se pode viver de múltiplas formas.” Na sequência, apresenta seu conceito de currículo, o qual incorpora o incerto, a arena da negociação, ou seja: nesse currículo, as identidades dos sujeitos são múltiplas, não-determinadas – pois que serão negociadas –, privilegiando a opção do sujeito segundo seus diversos pertencimentos. Em suas palavras: “o currículo é um espaço-tempo em que sujeitos diferentes interagem, tendo por referência seus diversos pertencimentos, e que essa interação é um processo cultural” (p. 288). 

As consequências dessa abordagem de currículo para a escola é deixada clara nos parágrafos seguintes, quando os currículos escolares são apontados como híbridos culturais. Com isso, Elizabeth Macedo explora a ambivalência da constituição de qualquer currículo, que é ser polidiscursivo, isto é, possui conteúdos que privilegiam certos grupos, enquanto, ao mesmo tempo, incitam outros à resistência. É assim que a autora explica a legitimação de diferentes culturas através do currículo. Como disse Silva (2001, p. 129) ao interpretar os escritos de Bhabha, “O híbrido carrega as marcas do poder, mas também as marcas da resistência.” 

Recorrendo a um exemplo, a autora recorda que, na Modernidade, a busca do equilíbrio entre regulação e emancipação resultou na “submissão da subjetividade (...) ao coletivo homogeneizado” (p. 290) e à ocultação da diferença. Hoje, a disputa entre localismos e globalismos coloca o currículo enquanto espaço-tempo (híbrido) de fronteira na mira da experiência colonial, em que as culturas globais dominam as culturas locais de alunos e professores.

Macedo conclui, ao final do texto, da necessidade de se implementar um currículo da diferença cultural, ou seja, um currículo para lidar com a diferença e propõe, para redesenhar o global, a impor as culturas subalternas em lugares-tempo híbridos de sentido a serem ainda criados (p. 294). 

Questiono... Possível de fazer ou uma simples utopia????

O artigo contribui, para nos chamar a atenção quanto à importância dos estudos sobre cultura e currículo, especialmente na época histórica em que vivemos – repleta de interpelações quanto às culturas locais e quanto à sua validade diante das culturas globais no mundo contemporâneo. 

Referências
MACEDO, Elizabeth. Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. In: Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro, RJ, v. 11, n. 32, p. 285-296, maio/ago. 2006. 


No decorrer desta aula, foram apresentados e discutidos quatro artigos, os demais ficaram para ser discutidos na próxima semana.

Os artigos trabalhados hoje foram:

1.       Ciências Naturais no Currículo – Arian
2.       Conhecimento poderoso em Michael Young  - Carlos
3.       Disciplinas escolares e currículo - Micheli
4.       Currículo, avaliação e trabalho pedagógico – Maria Auxiliadora

A professora terminou a aula pedindo que para a próxima aula fizéssemos:
ü  Uma apreciação sobre o Currículo como uma prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum conhecimento? Qual? Um conhecimento poderoso?

ü  A leitura da obra “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire para discutirmos na próxima semana.

Um comentário:

  1. Seus registros e suas reflexões demonstram o exercício permanente do pensar....Importante para nossas desconstruções diárias. Autoria é isso!

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