sexta-feira, 26 de maio de 2017

Desenvolvimento da Aula do dia 09_05





Ao final da aula anterior a professora solicitou que fossem realizadas duas tarefas.

ü Identificar os binômios do livro “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire:

Formar x Treinar
Teoria x Prática
Aprender x  Ensinar
Educação Bancária x Educação Progressista
Docência x Discência
Pensar Certo  x Pensar Errado
Ensino x Pesquisa
Curiosidade Ingênua x Curiosidade Epistemológica
Saberes Curriculares x Experiência Social
Construir x Reconstruir
O que se fala x O que se faz
Velho x Novo
Formar x Deformar
Bem x Mal
Dignidade x  Indignidade
Decência x Despudor
Boniteza x Feiura
Estar no mundo x Estar com o mundo
Autoridade x Liberdade
Heteronomia x Autonomia
Leitura de mundo x Leitura de palavra
Ignorância x Saber
Ensino do conteúdo x Formação Ética
Respeito ao professor x  Respeito ao aluno


ü Ler o artigo O Currículo Escolar e os Atos de Currículo: Contribuições no Processo de Formação de Identidades”, Josevandro Chagas Soares. Essa atividade foi realizada em dupla com a Priscila, de nossa leitura, retiramos as seguintes ideias centrais:

 Sobre  Currículo... Currículo  é formado pelos:
ü  Conhecimentos produzidos nos “âmbitos de referência dos currículos”;
ü  Atos de currículo dos professores e alunos → é uma ação socioeducacional, que se configura nas ações de conceber/selecionar/produzir etc.

O Currículo influencia no processo de construção/afirmação da identidade.

Sobre Educação... A Educação deve:
ü  Buscar uma proposta curricular que busque parcerias, não hierarquias;
ü  Valorizar o universo cultural dos professores e dos alunos;
ü  Ter no cotidiano vivido alguns saberes que constituam o processo formativo e cultural.

Sobre a Escola... Na Escola existe:
ü  Um espaço de críticas, intercríticas e produção cultural;
ü  Um distanciamento entre os parâmetros curriculares nacionais (PCN's) e a realidade escolar.

O que vemos é que há um Currículo Real e um Currículo Ideal...
Currículo Real
Currículo Ideal
Atos curriculares são a base
Construído a partir de ideologias homogeneizadoras
Construído através das dificuldades vivenciadas pelas instituições
Construído sem debate com
a comunidade escolar
Currículo Oculto
Currículo Descontextualizado

Um Currículo Oculto é aquele construído pelas atitudes e valores transmitidos subliminarmente pelas relações sociais e pelo cotidiano da escola, com suas práticas, relações de poder, regras, linguagem do professor, livros didáticos etc.
Um Currículo Descontextualizado é aquele pensado somente pelos âmbitos de referência, e sem envolvimento, dos profissionais da área educacional, na cena formativa. Um currículo onde o professor se torna um mero reprodutor do currículo...

O que vivenciamos hoje em nossas escolas é um currículo “engessado e descontextualizado”, ideal, completo e fechado em si mesmo, onde os temas, conteúdos e saberes são definidos e produzidos pelos âmbitos de referência.

O grande problema é que, todos os envolvidos no processo educacional são importantes na construção do currículo... Além de outro fato tão importante quanto, o aprendizado do mundo vivido chega ao contexto escolar e interfere nele...
Então, se a instituição escolar é um espaço de produção de saberes, ensinados e aprendidos – saberes estes que tem como dispositivo formativo os Atos de Currículo dos professores e alunos – que estão/são diretamente envolvidos no processo educativo e que trazem junto de si todo um aprendizado de mundo (currículo oculto), e a Escola é “obrigada” a trabalhar com um currículo descontextualizado, temos então que a Escola contribui para um ensino menos reflexivo e uma aprendizagem menos significativa... Afinal o Currículo é visto somente como um dispositivo de reprodução e manutenção do “status quo” e não como realmente deve ser visto – como um artefato cultural socialmente construído.
Não há construção de significados... Os saberes dos alunos não são agregados... Há conformação dos interesses sociais, das formas de poder, dos significados culturais e políticos...
Há um distanciamento da Escola com o universo dos alunos, há uma ignorância ao não se contextualizam questões culturais...
Cria-se uma escola “desencaixada” da sociedade, o que vivenciamos é uma Escola em crise... A sociedade mudou radicalmente, mas a Escola não... por isso a Escola não atende mais ao grito de socorro da sociedade...
A superação da crise escolar só pode ocorrer através de uma nova compreensão do Currículo Escolar, de um currículo enquanto artefato cultural, e dos Atos de Currículo concebidos como um dispositivo de grande efeito no processo de construção da identidade dos alunos.
Essa nova compreensão do Currículo, deve passar por uma discussão curricular, que exigirá tanto uma mudança na postura dos profissionais da educação, como uma re-distribuição dos conteúdos curriculares, no entanto, para isso é de fundamental importância investimento maciço na formação inicial e continuada dos professores.
O Currículo deve ser encarado como um dispositivo multicultural, mudar não só as intenções do que se quer transmitir, mas os processos internos que são desenvolvidos na educação, um dispositivo que conceba a escola como um espaço de críticas, intercríticas e espaço cultural.
Pois já que, o cotidiano escolar contribui para o cotidiano coletivo e vice-versa, uma educação de perspectiva multireferencial/intercultural, e que seja intercrítica, pode ser uma possibilidade para um aprendizado no qual se problematize o mundo

Durante a aula de hoje, fizemos a exposição das ideias centrais dos textos lidos. Durante a aula a professora foi apresentando reflexões sobre Currículo e ao final distribuiu duas palavras para cada um, essas palavras devem ser usadas na construção de um texto, que deve ser apresentado na próxima aula.
Outra tarefa dada é que devemos escolher nas Bases Nacionais Curriculares Comum (BNCC) um conteúdo e fazer uma análise.


Mais uma vez a aula foi ótima, a exposição das ideias centrais dos textos variados, trouxe novas e enriquecedoras inquietações... Mais em quê pensar...

Desenvolvimento da Aula do dia 02_05

 “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria...”
Paulo Freire

Neste dia durante a aula comentamos e refletimos, sobre o filme “Silêncio” e sobre a leitura do livro “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire. Da leitura do livro de Paulo Freire construi o resumo a seguir:

“Pedagogia da Autonomia” - Paulo Freire

No livro o autor expressou as suas concepções ético-crítico-políticas, ideológicas e culturais sobre o processo de ensino aprendizagem enquanto elemento constituinte da prática educativa.
Ao longo de toda a obra propõe e explicita os requisitos indispensáveis para uma prática educativa emancipadora, crítica, progressista, transformadora, revolucionária e, portanto, comprometida com a formação de sujeitos conscientes da sua condição de classe, cônscios das suas capacidades e potencialidades e da sua condição de sujeitos históricos capazes de mudar a realidade social em que vivem e estão submetidos.
Para exercer uma prática docente alinhada aos preceitos, princípios e valores éticos supracitados o educador deve, acima de tudo, ter conhecimento de um conjunto de saberes indispensáveis e fundamentais para tal.
Exigisse o saber de que ensinar não é transferir conhecimento, mas possibilitar as condições para que ele seja produzido, reproduzido, questionado e analisado. O aluno não é uma caixa ou um banco vazio onde se deve depositar tal conhecimento, mas, ao contrário, é um sujeito pensante, reflexivo, teleológico capaz de conhecer e atribuir significados a realidade natural ou social. Portanto, a prática pedagógica é um processo em que sujeito e objeto fazem parte da construção dos saberes, afinal quem ensina aprende ensinando e quem aprende ensina aprendendo, como bem analisou o autor. É uma prática em que os sujeitos envolvidos mantém uma intrínseca relação de interdependência, pois não existe docente sem discente e vice-versa.
À materialização e efetivação de uma educação popular, revolucionária e emancipadora exige-se eticidade e criticidade. Um educador compromissado com este tipo de educação deve sobrepor a ética acima dos seus interesses particulares, do seu ego, valores morais conservadores, reacionários e retrógrados. Deve lutar coletivamente com os demais sujeitos sociais para a transformação desta ordem social capitalista injusta e desumana. Deve, acima de tudo, buscar a maior aproximação metódica possível da realidade, transgredir o senso comum alienado e alienante, partindo-se do pressuposto de que todas as relações humanas são construções dos próprios homens em sociedade, portanto cultuais, e sendo assim são passíveis de transformação.
Um dos primeiros passos em busca desta compreensão é estimular e despertar a curiosidade que nos move e impulsiona a questionar, duvidar, criticar e propor alternativas ao que está posto e estabelecido. É indispensável, no entanto, que saiamos da curiosidade banal, corriqueira para uma “curiosidade epistemológica”, sistematizada, racionalizada, ou seja, com um caráter mais científico. Tal curiosidade nos leva a “pensar certo”, isto é, a analisarmos coerentemente o mundo, as relações humanas, enfim, a sociedade a partir de conceitos e concepções teóricas baseadas na ética, no bem coletivo e no desenvolvimento das potencialidades da humanidade. 
Pensar com base na ética é pensar certo, é avaliar o mundo com profundidade deixando de lado apreensões superficiais que não explicam criticamente os objetos cognoscíveis. Preciso manter coerência entre o que penso e o que faço, isto é, tenho que materializar as minhas ideias. Não posso defender um projeto societário emancipador, revolucionário se pratico ações discriminadoras, preconceituosas e reacionárias.
É impensável formar cidadãos critico-reflexivos compromissados com a ética, responsáveis, competentes, movidos por sentimentos de amor ao próximo, à humanidade se não liberto a minha criatividade e curiosidade no ato educativo, se me ponho como um deus intocável no meu pedestal e se considero os alunos como meros repetidores de conhecimentos prontos, máquinas de aprender e reproduzir o já produzido, “servos” intelectual e cognitivamente inferiores a mim. Para ser um bom educador tenho que ser, sobretudo, humilde, reconhecer os conhecimentos dos meus discentes, a sua cultura, os seus valores e respeitá-los mesmo que não concorde.
Devo expor as minhas ideias e conhecimentos e não impô-los como uma norma ou um dogma irrecusável e inquestionável. Pois, o processo de construção do conhecimento se faz através da dialogicidade, do debate de ideias, da critica aos pré-juízos, às pre-noções e preconceitos. Faz-se mediante a prática dialética do discurso e da análise durante a qual questiono, debato, analiso o que está sendo exposto, discutido, a fim de formular um novo conhecimento, um conhecimento mais próximo possível do que é justo, real, concreto e ético. 
O ser humano é um ser histórico, cultural, político e social. É um ser curioso por natureza, criador, formulador da ética e, portanto, ao mesmo tempo criador das condições propícias para transgredi-la. Não somos ou o mundo é, isto é, aquilo é, mas tudo e todos estão sendo, inclusive nós em sociedade, ou seja, estamos perpassando constantemente por um processo de construção, desconstrução, afirmação e reafirmação, afinal nada é estático e absoluto, pois tudo muda tudo se transforma.
Somos, neste sentido, seres inacabados e a consciência deste inacabamento nos impulsiona ao “pensar certo”, à “curiosidade epistemológica”, pois sempre estamos nos construindo e possibilitando a construção dos outros. Também somos seres condicionados, porém não determinados fatalmente. Isto é, somos influenciados pelo meio em que estamos inseridos, nossa formação como seres humanos é condicionada por fatores políticos, estruturais, ideológicos, culturais e sociais, no entanto, jamais devemos se acomodar e aceitar resignadamente tudo o que nos é imposto, afinal somos sujeitos da nossa própria história, sujeitos da transgressão, da ruptura, do questionamento e da crítica e não objetos da imposição, do mando e desmando, das vontades e interesses alheios.
Não podemos pensar o mundo como algo dado e imutável, mas como uma realidade por nós construída e por nós modificada.  O pensamento fatalista nos impossibilita de pensar nas possibilidades e limites da transformação, porém não podemos em contrapartida cairmos no discurso e na ideia ingênua e equivocada do messianismo, de que sozinhos e isoladamente vamos revolucionar o mundo, a sociedade e todas as suas dimensões, este, porém, é um processo lento, gradual e contínuo que todos independentemente de classe, raça/etnia, religião e condição sexual devem empreender como projeto de vida, coletivo, profissional e societário.
A luta pela construção de um mundo melhor para se viver, de uma sociedade emancipada onde todos possam desenvolver suas capacidades e potencialidades é um dever de todos, é uma batalha justa, legítima e possível e não utópica, ao contrário do discurso fatalista neoliberal que prega a naturalização das desigualdades, dos problemas e mazelas sociais, das injustiças humanas, da miséria defendendo que “tudo é como é e não pode ser mudado”, que “o mundo é assim mesmo por que Deus quis que o fosse” etc. As relações sociais e, portanto, humanas e suas consequências, como as injustiças e desigualdades, não expressam o desejo e a vontade de Deus, mas atendem e manifestam os interesses estritamente de uma minoria sedenta por poder, riqueza e status. Uma minoria que historicamente utilizou-se de um amálgama de recursos, ideologias e situações para conquistar e se manter no poder, poder este fruto e construto humano.
Ao efetivar a prática educativa devemos estimular, fomentar e possibilitar espaços que despertem e viabilizem a potencialização da autonomia e protagonismo dos sujeitos nela envolvidos. Além de respeitar os seus limites, habilidades e capacidades temos que respeitar e reconhecer os seus direitos e deveres como seres humanos, bem como a sua liberdade de escolha e expressão, as suas vivências e experiências, o seu conhecimento que geralmente limitado e muitas vezes errôneo deve ser questionado e transformado.
É absolutamente contraditório eu defender teoricamente um conjunto de valores e princípios éticos, como a justiça social, a liberdade e a igualdade não liberais e capitalistas, mas emancipadoras, a equidade, a democracia e a cidadania e no meu cotidiano reproduzir atos de racismo, xenofobia, homofobia, intolerância religiosa e política, discriminação por motivos culturais, de classe, de gênero ou outro motivo qualquer que na verdade, partindo-se de uma análise ética, jamais os justificará. Jamais a quantidade mais ou menos de melanina na pele humana justificará atos de racismo, jamais a liberdade de escolha de suas crenças, valores e princípios religiosos justificará atitudes de discriminação e intolerância; jamais o fato de nascermos em determinados países ou regiões do planeta justificará ideias e ações xenofóbicas, preconceituosas, depreciadoras; jamais a condição sexual de alguém deve ser motivo ou força maior para que este seja injuriado, espancado, humilhado e morto; jamais devemos justificar tais atos com base em argumentos, crenças e valores religiosos, pois o Deus que eu defendo e acredito é um Deus de amor, de misericórdia, de paz, harmonia, perdão, carinho e respeito e não um deus torturador que prega o ódio, a desigualdade, a injustiça, a perseguição, a humilhação dos que são “ditos diferentes” e, assim, inferiores que merecem ser torturados e morrer, pois contaminam as “pessoas de bem”, a “pureza da humanidade”.
Como mestre, professor, docente, educador, enfim, como sujeito e objeto da prática educativa, tenho que defender e pregar a ética, acima de tudo, respeitando a autonomia dos sujeitos, a sua liberdade enquanto condição fundante da sua existência, as suas limitações e possibilidades. Para tal tenho que ter bom senso, senso de justiça, senso de humanidade. 
Tenho que saber distinguir liberdade de autoridade, principalmente, pois não posso enquanto formador de opiniões, sensos e ideias ser intransigente a ponto de bloquear a criatividade e curiosidade dos alunos, dos educandos, afinal devo comportar-me no e para o desenvolvimento da educação não de forma autoritária, intransigente, como um ditador, mas de forma competente, segura, ética, humilde, tolerante e generosa. Tenho que, assim, respeitar as liberdades dos sujeitos envolvidos neste processo, pois a educação é uma prática exclusiva e especificamente humana. Só os seres sociais são capazes de deliberar, decidir, mudar, romper e apreender a realidade, ou seja, atribuir-lhe sentido e significado mediante a consciência, a teleologia.
A educação é uma das formas possíveis de se intervir no mundo, ela não apenas reproduz as relações sociais, a ideologia dominante e as condições de dominação, ou seja, o status quo, mas ela pode ser útil, sobretudo, para formar mentes pensantes, críticas, capazes também de questionar e procurar romper com o que está posto, com a cultura desumana, antiética e imoral, como a cultura do estupro, a cultura da violência e discriminação contra as “minorias”, como os negros, homossexuais, indígenas, mulheres, mulçumanos, judeus etc., que na verdade juntas formam e constituem a maioria.
Enfim, a prática educativa envolve todas as dimensões e saberes acima descritos e analisados, como bem ressalta o autor a educação de uma forma ou de outra diz respeito e envolve a afetividade do educador, a alegria, a capacidade critica, científica, o domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje. 

Depois de cada um expor suas impressões sobre o livro a professora passou para nós a seguinte atividade - Cada um deveria retirar do livro: Uma frase; Um princípio; Um questionamento; Um conceito; Uma palavra; Uma cena; Um significado; Uma lição. Todos nós tivemos a oportunidade de ler e comentar nossas anotações.

Atividade desenvolvida em sala de aula

Uma frase – “Ensinar é todo um processo de troca entre aluno e professor.”
Um princípio – “Ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a produção do conhecimento.”
 Um questionamento – A avaliação da prática educativa pelo próprio professor... Prática educativa têm sido ética...? – Há corrupção na sala de aula...? 
Um conceito – Conceito de ensinar: Aceitar os risco do desafio do novo e rejeitar qualquer forma de discriminação.
Uma palavra – Autonomia/ética.
Uma cena – Aluno do curso de Administração onde ministro as aulas de Matemática I e Matemática II, que procura questionar os conceitos de Matemática, através do conhecimento passado dele, tentando se apropriar de um conhecimento novo.
 Um significado – Educação é uma forma de intervenção no mundo. Ensinar exige respeito, acima de tudo à autonomia de ser do educando, e este deve estar  disposto a aceitar os desafios do mundo, de buscar novos horizontes e ter certeza de que faz parte do processo de inclusão e de que há possibilidades de interferir na realidade a fim de modificá-la.
 Uma lição – Necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola (conhecimento pré-formado) visto que este é ums er social e histórico → Aceitar os riscos e desafios.

Da leitura do livro e da atividade realizada em sala de aula, surgem novas reflexões que ganham vida e forma na mente da gente...
Docência e discência são duas faces da mesma moeda, um não existe sem o outro, se complementam, se reforçam e se problematizam. A relação  docência - discência está permeada de afeto, afeto este entendido como o quê, o outro provoca em mim. Toda relação pedagógica é uma relação de afetividade, uma relação onde um afeta o outro de alguma forma, pode ser amor, raiva, alegria, tristeza, paz... Afetar o aluno é o respeito que se deve ter por ele, o desrespeito é falta de afeto. Já a amorosidade deve ser entendida como o outro, o aluno no caso,  afeta o professor... O professor tem responsabilidades para com a aluno, tem que existir um “elo pedagógico”, ou seja, tem que existir respeito mútuo entre aluno e professor, de tal forma que a relação de afeto aconteça permanentemente. Afetividade é o professor proporcionar ao aluno o ‘conhecimento poderoso” aquele conhecimento que eprmite ao aluno se transformar enquanto indivíduo, transformar sua condição.
Ensinar é uma forma de relação, um processo que como diz Paulo Freire, é um processo de “gentificação”, de formar pessoas/gente... Ensinar exige riscos, aceitaçao do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação... Não pe a prática pela prática, mas a prática embasada em conceitos teóricos bem definidos, o professor não pode ser um alienado do processo educativo, mas tem que se envolver...
Hoje estamos desaprendendo coisas fundamentais como olhar o outro, se olhar, se repensar... Estamos em uma época em que o que realmente importa não é o “conhecimento poderoso” mas sim o conhecimento “útil”, usado pelos poderosos a favor deles...
O professor tem que se envolver, tem que intervir!!! Tem que se lembrar que intervenção é a intencionalidade baseada na relação teoria x prática e na relação professor x aluno Tem que aproveitar-se das ”brechas da intencionalidade”, criar novos caminhos inidividuais e/ou coletivos... Lembrar-se sempre que sou professor na medida em que estou professor e me torno professor... Assim como a aprendizagem é um processo constante para o aluno, também o é para mim enquanto docente..., somos todos seres humanos inacabados...
Com tantas novas posturas e ideias fervendo na alma, levantam-se também questionamentos, dúvidas e incertezas...

Afinal a escola pesta um serviço ou desserviço à sociedade?
Não em termos técnicos... Mas em termos de nós,  eu, você...
Os educadores enquanto seres humanos...

Ao final da aula a professora nos pediu que, para próxima semana identificássemos os binômios do livro “Pedagogia da Autonomia”, por exemplo: Docência x Discência. Pediu também que transformássemos nossa atividade em um texto coeso para postar no diário. Ao final ela distribuiu um artigo e solicitou a leitura dele e a retirada das ideias centrais para discussão na próxima semana.



quinta-feira, 25 de maio de 2017

Desenvolvimento da Aula do dia 25_04

 “O desejo que move os poetas não é ensinar, esclarecer, interpretar. O desejo que move os poetas é fazer soar de novo a melodia esquecida...”
Rubem Alves

Na aula desta semana a professora pediu que os alunos dessem sequência na apresentação dos artigos lidos individualmente:
1.     Avaliação do currículo no cotidiano – Priscila
2.     Lápis e tecnologias no currículo  - Ney
3.     Ato didático e currículo – Úrsula
4.     Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
5.     Digital e Currículo - Letícia
6.     Currículo e cultura - Giovana

A professora havia pedido que publicássemos uma apreciação sobre o Currículo como uma prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum conhecimento? Qual? Um conhecimento poderoso?

Mas eu gostaria de refletir sobre outro assunto que está me incomodando, diante de tantas discussões sobre currículo, sobre prática, sobre cotidiano, sobre sala de aula... Vou me permitir “sair do contexto do pedido” e me expressar... 
O Currículo e a Pratica Docente tem me “incomodado” enquanto professora, como um espinho na alma...

O que tenho pensado e muito, diante do que tenho apreendido com os textos lidos e discutidos, é que percebe-se claramente que a compreensão de currículo da  maioria dos profissionais da educação é muito precária... Reconhecendo-o apenas enquanto proposta de disciplinas e conteúdos... 

Pelo que estudamos, também podemos perceber que a Teoria Tradicional de Currículo tem grande responsabilidade a essa visão de currículo,  ao mesmo tempo que conferiu a ele conteúdos implícitos políticos e ideológicos de dominação e padronização. A aplicação prática do currículo tradicional, como prática pedagógica, é visível, mensurável, possível, talvez por isso fortemente presente ainda hoje.

A Teoria Curricular Crítica, preocupada não com objetivos e métodos, mas com as intenções desses objetivos, dos conhecimento e para quem o são, confere ao currículo um caráter subjetivo, que exige comprometimento docente. A prática pedagógica precisa refletir os fins educativos que se pretende a educação, relacionando-se portanto com o currículo, ou seja, com o tipo de indivíduo que se pretende construir.

Quando somos levados a pensar sobre a prática pedagógica nos remetemos imediatamente a pensar sobre o ambiente da sala de aula. O mesmo ocorre com o pensamento imediato sobre currículo, que nos leva ao papel, resumindo-se em distribuição de disciplinas e conteúdos. Porém, ambos possuem um caráter complexo, para além dessas limitações, e relacionam-se numa ligação muito forte, uma vez que o currículo só coexiste pela prática. E, muitas vezes a prática não reflete o currículo e vice-versa.

Somos obrigados a reconhecer que nós professores ainda estamos muito presos à herança de um ensino pronto e acabado, com objetivos gerais estabelecidos, que exige metodologia e disciplinas logicamente organizadas, distantes, contudo, do caráter pedagógico e de um currículo crítico.

O mesmo ocorre com a prática pedagógica, muitas vezes ela não se efetiva de modo satisfatório em seu processo ensino-aprendizagem porque o professor não compreende ou desconhece o caráter pedagógico que a fundamenta. Nesse sentido, é importante refletir sobre essas relações. Da mesma forma que uma teoria curricular fundamenta o currículo, o caráter pedagógico fundamenta uma proposta para a prática; e ambos precisam também se articular num mesmo propósito para que haja compreensão das implicações educativas que os envolvem.

Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita relação com a construção de um currículo que oriente a ação educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando os conceitos acerca do que se pretende tratar são apresentados, entendem-se seus objetivos reais, sua intencionalidade educativa, mas isto implica em escolhas, em valores,  em compromissos éticos.

Mas porque, no caminho entre a teoria e a prática, essa relação pouco se materializa?
O que ocorre de errado nesse percurso?

Neste contexto, do distanciamento entre currículo e prática docente, podemos concluir que, se a prática docente está comprometida, o currículo deixa de ser uma prática social, para ser somente uma sequência de disciplinas e conteúdos... Se isto ocorre, o conhecimento poderoso deixa de ser poderoso, independente do contexto, para ser poderoso somente pelo tipo de conhecimento que se está transmitindo e para quem se está transmitindo...

O que quero dizer é que o conhecimento só é poderoso quando ele se insere no currículo de forma contextualizada, ou seja, é indispensável, o diálogo entre a teoria e a prática docente.

Ao final da aula a professora pediu para assistirmos o filme Silêncio, durante a semana e reforçou para lermos o livro “Pedagogia da Autonomia”,  de Paulo Freire, extraindo dele o conceito de Currículo, relacionando a leitura com Avaliação identificando os caminhos da avaliação também como ato curricular


Desenvolvimento da Aula do dia 18_04

 “Para isso existem as escolar: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem andar sobre a terra firme. Mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido..”
Rubem Alves.

A professora iniciou a aula fazendo comentários a respeito dos blogs e sua avaliação a respeito. A seguir passamos à apresentação e discussão dos artigos lidos. Aliás cometi um equívoco no último diário (04/04), o artigo não foi lido em duplas, mas a leitura foi individual... recebemos um e-mail com a orientação de ler, registrar as ideias centrais e os questionamentos suscitados para compartilhar com os colegas.

A divisão dos artigos, passada pela professora, foi a seguinte:

1.     Avaliação do currículo no cotidiano – Priscila
2.     Ato didático e currículo – Úrsula
3.     Currículo, avaliação e trabalho pedagógico – Maria Auxiliadora
4.     Ciências Naturais no Currículo – Arian
5.     Digital e Currículo - Letícia
6.     Disciplinas escolares e currículo - Micheli
7.     Lápis e tecnologias no currículo  - Ney
8.     Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
9.     Conhecimento poderoso em Michael Young  - Carlos
10. Currículo e cultura - Giovana

A seguir apresento um resumo do artigoCurrículo como espaço-tempo de fronteiras culturais”, de Elizabeth Macedo – UERJ - Programa de Pós-graduação em Educação

Resumo
O currículo é um espaço-tempo de encontro de diferentes tradições culturais que contemplam a diferença. Podemos entendê-lo como um espaço híbrido, onde se percebem as marcas do poder e da resistência e para o qual confluem diferentes visões.

No artigo “Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural”, a autora desenvolve uma nova visão do currículo, trazendo para o debate as teorias críticas e pós-críticas de currículo. A intenção é justificar a noção de currículo enquanto espaço-tempo de convergência de tradições culturais que contemplem a diferença. 

A discussão inicia lembrando que os estudos sobre o currículo sempre se caracterizaram pelo interesse político, que, atualmente, se articula à economia e à cultura, exigindo uma nova leitura desta última, na medida em que, a cultura refuncionalizada como mercadoria, rearticula a dimensão política do currículo. 

Posicionando-se pela conceitualização do currículo como espaço-tempo cultural, o artigo apresenta uma análise do hibridismo de perspectivas teóricas que, no Brasil, contribuíram para a o desenvolvimento do conceito de cultura e sua relação com o currículo, os quais permanecem sendo teorizados de acordo com a perspectiva multicultural ou sob a influência dos estudos culturais. 

Após percorrer autores como Tomaz Tadeu Silva, Antônio Flávio B. Moreira, Elizabeth Macedo e Ana Canen, a autora afirma que a aproximação entre abordagens críticas e pós-críticas “tem dificultado a compreensão da dinâmica do currículo como cultura e prejudicado a análise da diferença no interior do espaço-tempo da escola e do currículo.” (p. 287). 

Nesse ponto, o posicionamento da autora a respeito da diferença vai se consolidando ao afirmar que discorda da concepção de currículo como lugar de confronto entre culturas, pois que o currículo seria, antes, “um espaço-tempo de fronteira no qual interagem diferentes tradições culturais e em que se pode viver de múltiplas formas.” Na sequência, apresenta seu conceito de currículo, o qual incorpora o incerto, a arena da negociação, ou seja: nesse currículo, as identidades dos sujeitos são múltiplas, não-determinadas – pois que serão negociadas –, privilegiando a opção do sujeito segundo seus diversos pertencimentos. Em suas palavras: “o currículo é um espaço-tempo em que sujeitos diferentes interagem, tendo por referência seus diversos pertencimentos, e que essa interação é um processo cultural” (p. 288). 

As consequências dessa abordagem de currículo para a escola é deixada clara nos parágrafos seguintes, quando os currículos escolares são apontados como híbridos culturais. Com isso, Elizabeth Macedo explora a ambivalência da constituição de qualquer currículo, que é ser polidiscursivo, isto é, possui conteúdos que privilegiam certos grupos, enquanto, ao mesmo tempo, incitam outros à resistência. É assim que a autora explica a legitimação de diferentes culturas através do currículo. Como disse Silva (2001, p. 129) ao interpretar os escritos de Bhabha, “O híbrido carrega as marcas do poder, mas também as marcas da resistência.” 

Recorrendo a um exemplo, a autora recorda que, na Modernidade, a busca do equilíbrio entre regulação e emancipação resultou na “submissão da subjetividade (...) ao coletivo homogeneizado” (p. 290) e à ocultação da diferença. Hoje, a disputa entre localismos e globalismos coloca o currículo enquanto espaço-tempo (híbrido) de fronteira na mira da experiência colonial, em que as culturas globais dominam as culturas locais de alunos e professores.

Macedo conclui, ao final do texto, da necessidade de se implementar um currículo da diferença cultural, ou seja, um currículo para lidar com a diferença e propõe, para redesenhar o global, a impor as culturas subalternas em lugares-tempo híbridos de sentido a serem ainda criados (p. 294). 

Questiono... Possível de fazer ou uma simples utopia????

O artigo contribui, para nos chamar a atenção quanto à importância dos estudos sobre cultura e currículo, especialmente na época histórica em que vivemos – repleta de interpelações quanto às culturas locais e quanto à sua validade diante das culturas globais no mundo contemporâneo. 

Referências
MACEDO, Elizabeth. Currículo como espaço-tempo de fronteira cultural. In: Revista Brasileira de
Educação, Rio de Janeiro, RJ, v. 11, n. 32, p. 285-296, maio/ago. 2006. 


No decorrer desta aula, foram apresentados e discutidos quatro artigos, os demais ficaram para ser discutidos na próxima semana.

Os artigos trabalhados hoje foram:

1.       Ciências Naturais no Currículo – Arian
2.       Conhecimento poderoso em Michael Young  - Carlos
3.       Disciplinas escolares e currículo - Micheli
4.       Currículo, avaliação e trabalho pedagógico – Maria Auxiliadora

A professora terminou a aula pedindo que para a próxima aula fizéssemos:
ü  Uma apreciação sobre o Currículo como uma prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum conhecimento? Qual? Um conhecimento poderoso?

ü  A leitura da obra “Pedagogia da Autonomia” de Paulo Freire para discutirmos na próxima semana.