quinta-feira, 25 de maio de 2017

Desenvolvimento da Aula do dia 25_04

 “O desejo que move os poetas não é ensinar, esclarecer, interpretar. O desejo que move os poetas é fazer soar de novo a melodia esquecida...”
Rubem Alves

Na aula desta semana a professora pediu que os alunos dessem sequência na apresentação dos artigos lidos individualmente:
1.     Avaliação do currículo no cotidiano – Priscila
2.     Lápis e tecnologias no currículo  - Ney
3.     Ato didático e currículo – Úrsula
4.     Tecnologias digitais no currículo - Jaqueline
5.     Digital e Currículo - Letícia
6.     Currículo e cultura - Giovana

A professora havia pedido que publicássemos uma apreciação sobre o Currículo como uma prática social e que vem num modelo de disciplina. Ele transporta algum conhecimento? Qual? Um conhecimento poderoso?

Mas eu gostaria de refletir sobre outro assunto que está me incomodando, diante de tantas discussões sobre currículo, sobre prática, sobre cotidiano, sobre sala de aula... Vou me permitir “sair do contexto do pedido” e me expressar... 
O Currículo e a Pratica Docente tem me “incomodado” enquanto professora, como um espinho na alma...

O que tenho pensado e muito, diante do que tenho apreendido com os textos lidos e discutidos, é que percebe-se claramente que a compreensão de currículo da  maioria dos profissionais da educação é muito precária... Reconhecendo-o apenas enquanto proposta de disciplinas e conteúdos... 

Pelo que estudamos, também podemos perceber que a Teoria Tradicional de Currículo tem grande responsabilidade a essa visão de currículo,  ao mesmo tempo que conferiu a ele conteúdos implícitos políticos e ideológicos de dominação e padronização. A aplicação prática do currículo tradicional, como prática pedagógica, é visível, mensurável, possível, talvez por isso fortemente presente ainda hoje.

A Teoria Curricular Crítica, preocupada não com objetivos e métodos, mas com as intenções desses objetivos, dos conhecimento e para quem o são, confere ao currículo um caráter subjetivo, que exige comprometimento docente. A prática pedagógica precisa refletir os fins educativos que se pretende a educação, relacionando-se portanto com o currículo, ou seja, com o tipo de indivíduo que se pretende construir.

Quando somos levados a pensar sobre a prática pedagógica nos remetemos imediatamente a pensar sobre o ambiente da sala de aula. O mesmo ocorre com o pensamento imediato sobre currículo, que nos leva ao papel, resumindo-se em distribuição de disciplinas e conteúdos. Porém, ambos possuem um caráter complexo, para além dessas limitações, e relacionam-se numa ligação muito forte, uma vez que o currículo só coexiste pela prática. E, muitas vezes a prática não reflete o currículo e vice-versa.

Somos obrigados a reconhecer que nós professores ainda estamos muito presos à herança de um ensino pronto e acabado, com objetivos gerais estabelecidos, que exige metodologia e disciplinas logicamente organizadas, distantes, contudo, do caráter pedagógico e de um currículo crítico.

O mesmo ocorre com a prática pedagógica, muitas vezes ela não se efetiva de modo satisfatório em seu processo ensino-aprendizagem porque o professor não compreende ou desconhece o caráter pedagógico que a fundamenta. Nesse sentido, é importante refletir sobre essas relações. Da mesma forma que uma teoria curricular fundamenta o currículo, o caráter pedagógico fundamenta uma proposta para a prática; e ambos precisam também se articular num mesmo propósito para que haja compreensão das implicações educativas que os envolvem.

Portanto, o caráter pedagógico tem fundamental e estreita relação com a construção de um currículo que oriente a ação educativa e determine princípios e formas de atuação. Quando os conceitos acerca do que se pretende tratar são apresentados, entendem-se seus objetivos reais, sua intencionalidade educativa, mas isto implica em escolhas, em valores,  em compromissos éticos.

Mas porque, no caminho entre a teoria e a prática, essa relação pouco se materializa?
O que ocorre de errado nesse percurso?

Neste contexto, do distanciamento entre currículo e prática docente, podemos concluir que, se a prática docente está comprometida, o currículo deixa de ser uma prática social, para ser somente uma sequência de disciplinas e conteúdos... Se isto ocorre, o conhecimento poderoso deixa de ser poderoso, independente do contexto, para ser poderoso somente pelo tipo de conhecimento que se está transmitindo e para quem se está transmitindo...

O que quero dizer é que o conhecimento só é poderoso quando ele se insere no currículo de forma contextualizada, ou seja, é indispensável, o diálogo entre a teoria e a prática docente.

Ao final da aula a professora pediu para assistirmos o filme Silêncio, durante a semana e reforçou para lermos o livro “Pedagogia da Autonomia”,  de Paulo Freire, extraindo dele o conceito de Currículo, relacionando a leitura com Avaliação identificando os caminhos da avaliação também como ato curricular


Um comentário:

  1. Querida, sua inquietação é legítima e talvez uma das possíveis resposta a questão da distância entre teoria e prática é a própria complexidade do processo educativo. Aproximações acontecem no que denominamos de atos de currículo mas quando refletimos sobre eles.

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