Desenvolvimento
da aula do dia 13_06
“Num país como o Brasil, manter a
esperança viva é em si um ato revolucionário.”
Paulo
Freire.
A
professora inciou a aula pedindo nossos comentários sobre o filme “Preciosa”.
O
filme narra a vida de Preciosa, menina negra, gorda e pobre, que cresce em uma
família totalmente desequilibrada. Ela é uma menina abusada de todas as formas
possíveis, pelo pai sexualmente, pela mãe verbalmente, pelos colegas que fazem
bulling com ela, pela diretora da escola que sem saber o que realmente ocorre
com Preciosa a transfere para outra escola...
Preciosa
por todos estes fatos é uma menina triste, sem expressão facial, sem interação
com os outros e que nos momentos mais difíceis se refugia em suas próprias
fantasias, onde ela é feliz e amada.
Apesar
de tudo, vemos nela vontade, vontade de viver, de passar por cima de tudo, pois
ela não se entrega às drogas, ao roubo, à prostituição, ela não vai para as
ruas, a despeito de tudo, ela continua a ir a escola e a enfrentar do seu jeito
toda a situação surreal que é sua vida.
Na
nova escola onde é obrigada a ir, ela encontra uma nova professora que também a
despeito de todas as condições acredita no que faz e aos poucos, de alguma
forma, transforma Preciosa, mostrando-lhe que há esperança e permitindo que ela
tenha forças para recomeçar.
Depois
de nossa conversa sobre o filme passamos a discutir nossas considerações e
propostas para a BNCC, o que até agora não tínhamos conseguido fazer, de tantas
discussões proveitosas que as atividades desenvolvidas estão proporcionando...
Eu e
Letícia analisamos a disciplina de Matemática, e chegamos às seguintes
conclusões e proposta:
ü Na
introdução da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental, é descrito de
uma forma ampla o que os alunos devem aprender de acordo com cada tópico específico durante os anos
iniciais do ensino fundamental. Porém não é mencionado o que os alunos deverão
fazer após compreender esses conteúdos e nem mesmo como transpor esses
conteúdos que aprenderam para a sua
realidade. Então era necessário, mencionar este aspecto.
ü Nos objetivos
de aprendizagem da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental, não
parece haver objetivos de geometria que exijam que os alunos demonstrem a
compreensão ou aplicação do conhecimento. Então é necessário incluir a
aplicação do conhecimento para a realidade deles. A geometria a é extremamente
importante para o cotidiano dos alunos, pois permite relacionar, classificar,
distinguir diversos objetos e elementos da natureza.
ü A maioria
dos objetivos são repletos de termos e palavras complicadas para descrever a aprendizagem. Assim, a
clareza dos objetivos seria mais efetivo se fosse escrito com mais clareza,
indo direto ao ponto. Caso contrário, fica difícil do professor entender. Por
exemplo, ao invés de se escrever:
“Identificar, dentre eventos cotidianos, aqueles que têm maior chance de
ocorrência de modo a reconhecer características de resultados mais prováveis,
sem recorrer à quantificação.” Poderia se escrever de maneira simples: “Estimar
e comparar (ou classificar) a chance de ocorrência de eventos cotidianos.”
ü De forma
geral, não há uma abordagem da história da matemática na BNCC. Então, é algo que
poderia ser acrescentado, pois achamos a história da matemática extremamente
relevante para a formação dos estudantes, afinal, ela desmistifica a matemática
e mostra para os alunos que ela foi constituída por erros e acertos,
possibilita que o aluno a veja como uma manifestação cultural de todos os povos
em todos os tempos, como a linguagem, os costumes, os valores, as crenças, etc.
Inclusive, há a possibilidade de realização de atividades interdisciplinares
com história e geografia.
ü A BNCC
deveria dar suporte para que os professores trabalhem práticas diferenciadas,
que possam aumentar o interesse e motivação dos alunos. Na BNCC os conteúdos
são apresentados de uma forma muito técnica e mecânica. São várias as possibilidades
de se trabalhar com os alunos através dos campos da Educação matemática;
Diversos pesquisadores realizam pesquisas voltadas nestas áreas e na BNCC tudo
isso foi perdido.
ü - A
matemática é uma das principais disciplinas que é responsável por muitas das
dificuldades enfrentadas pelos alunos. É claro que não existe uma fórmula ou um
método ideal ou uma base que irá acabar de vez com os problemas de ensino/aprendizagem
da Matemática. No entanto, seria preciso que a BNCC apresentasse aos
professores os vários métodos e possibilidades de trabalho em sala de aula,
para que possam reconstruir ou construir a sua prática. Dentre estas
possibilidades, pode-se citar diversas tendências em Educação matemática como a
resolução de problemas, modelagem matemática, uso de tecnologias da informação,
como a calculadora e softwares educacionais (é claro que todas as escolas devem
ter estrutura para isso), os jogos e a etnomatemática.
ü - Quanto a
etnomatemática, seria extremamente relevante que ela fizesse parte da BNCC.
Ela trabalha o multiculturalismo na matemática. Assim caso ela estivesse
presente na base, todos iriam aprender uma matemática totalmente voltada para
sua realidade local, por exemplo, em Piranguinho os alunos iriam aprender os
conteúdos matemáticos envolvendo o Pé de moleque. Em Maria da Fé envolvendo o
azeite e a batata. E assim vai...Dessa forma, a BNCC deixaria de ser
generalizada e passaria a se preocupar a subjetividade, cultura e costumes de
cada povo local. Afinal, não faria sentido ensinar a fórmula de Bhaskara ou
matemática financeira para alunos de uma tribo indígena.
Sobretudo, a BNCC deveria formar alunos capazes de
voar, descobrir, refletir, sonhar e não apenas repetir.
Em nossa discussão com os colegas cheguei mais uma
vez à conclusão de que o currículo é mais do que um documento oficial,
currículos devem ser vividos, o professor tem que assumir seu papel enquanto
protagonista, enquanto ser curriculantes, incentivando seus colegas a irem além da
BNCC.
No final da aula professora reforçou a questão do
trabalho final para a disciplina, a construção de um artigo em dupla, que deve
ser entregue e apresentado dia 27/06. Farei meu artigo com o Ney, e nosso tema
deve tratar das insuficiências do currículo e da avaliação. A professora
orientou que os artigos devem trabalhar com a etimologia das palavras, com a Teorias
Críticas, com os atos curriculares, com sua contextualização, no nosso caso
devemos nos lembrar que a avaliação muitas vezes determina o currículo.
Mais uma vez muito em que pensar, muito o que ler e
fazer...
Ainda bem que o currículo vai além de documento oficial e imposto, não? Fez uma ótima costura da aula.
ResponderExcluir